Derramar, brilhar & arder
Entre manhã e tarde de domingo estava vendo um vídeo de ciência que falava sobre realidade e percepção das cores. Antes tinha visto um que se perguntava “como explodir o sol”.
Acho que esse conteúdo entrou demais na minha cabeça. De repente me deu um pânico em pensar que a vida poderia ser um episódio de final space. Que em algum momento estaria vagando em belezas do espaço sideral com uma roupa pesada. Só conseguia pensar que não teria calor, nem mar, nem o azul claro do céu que acontece na beirada da primavera.
Dei um salto e disse: vamos pra praia!
Eu tenho um dom natural de deixar pessoas confusas.
Depois de mergulhos, observar crianças saltando de barcos e cachorros correndo felizes demais para guardar a língua na boca, sentei para ler.
Enquanto meu cônjuge brincava entre cardumes em uma uma distância em que eu seria incapaz de encontrar o chão do mar. Afundei-me na poesia. Li um clássico. Outros jeitos de usar a boca. E nos exatos 50% do ebook (de acordo o Kindle) fiz meu primeiro destaque. Me encontrei ali.
Não sei viver uma vida equilibrada. Derramo. Brilho. Ardo.
Tomo decisões com medo de não ver aquela paisagem de novo. Respiro em cada momento pra tentar não esquecer.
E com esses versos estampados no peito, voltei pra casa, ri, bebi e comi muito bem acompanhada.
Lembrei que fui na praia com medo do mundo que conheço não existir mais por conta de um vídeo no YouTube. Definitivamente o conceito de normalidade não combina comigo.
Há muito tempo deixei pra lá a vontade que um dia tive de ser mais branda, mais calma, elegante e misteriosa. Eu sou mais do time das loucas, delirantes e despachadas. Este é um lembrete para que eu derrame, brilhe e arda. Vale o preço.